O leite é composto por proteínas, gorduras e vitaminas, além de Lactose, um carboidrato que é importante para o desenvolvimento de bactérias probióticas em particular bifidobactérias , no intestino da criança, para proteger o trato gastrointestinal de infecções.
Porém existe a redução geneticamente programada da atividade da enzima lactase durante a vida adulta que pode causar sintomas digestivos problemáticos, como a hipolactasia primária, que é causada pela diminuição gradativa dos níveis da lactase e a secundária, envolve a perda da enzima lactase devido a outras condições clínicas que afetam o trato intestinal, como desnutrição grave, doença celíaca, doenças parasitárias, doenças inflamatórias intestinais (doenças de Crohn e Colite ulcerosa)
Em indivíduos com intolerância à lactose, os sintomas podem ser gastrointestinais, como: diarreia, náusea, inchaço, borborigmo, dor abdominal e distensão abdominal ou extra intestinais, sendo relatado: dor de cabeça, astenia, dor nas articulações e / ou músculos, perda de concentração, lesões na pele e úlceras na boca.
Importante ressaltar que a lactose é usada como aditivo alimentar em diferentes produtos: carnes, legumes congelados (incluindo batatas fritas), refeições prontas, doces e bolos.), o paciente intolerante à lactose nem sempre é capaz de correlacionar o aparecimento desses sintomas com a ingestão de lactose.
Atualmente, o teste de hidrogênio no hálito (HBT) após a administração oral de lactose é considerado o padrão ouro para o diagnóstico de intolerância à lactose, devido à sua alta sensibilidade e especificidade, simplicidade e não invasividade e baixo custo. Baseia-se na medição da quantidade de hidrogênio exalado e recolhido nas amostras a cada 30 minutos após a administração oral de lactose (geralmente 25 g, correspondendo a aproximadamente 500 mL de leite). A lactose não absorvida no cólon é fermentada pela microbiota intestinal e como consequência existe a produção de hidrogênio, que é parcialmente excretada pelo sistema respiratório.
O uso de cepas probióticas específicas, em particular aquelas capazes de expressar a atividade enzimática da β-galactosidase, foi proposto como um tratamento adjuvante para indivíduos com intolerância à lactose. Em pacientes com síndrome do intestino irritável (SII), o Lactobacillus plantarum demonstrou proporcionar alívio eficaz dos sintomas, com eficácia particular contra inchaço e dor abdominal, já o Lactobacillus acidophilus foi associado a escores reduzidos de dor e desconforto abdominais após um tratamento de quatro semanas, no caso da intolerância à lactose, o benefício clínico para o hospedeiro deriva da atividade da β-galactosidase que as cepas de Lactobacillus e Bifidobacterium demonstraram em contextos pré-clínicos e clínicos.
A restrição alimentar de alimentos que contêm lactose é a principal intervenção terapêutica para pessoas intolerantes à lactose, mas a administração de lactase como suplemento alimentar enzimático e de cepas específicas de probióticos que expressam a atividade da β-galactosidase podem ajudar a melhorar a tolerância à lactose e a qualidade de vida.
Fassio F, Facioni MS, Guagnini F. Lactose Maldigestion, Malabsorption, and Intolerance: A Comprehensive Review with a Focus on Current Management and Future Perspectives. Nutrients. 2018;10(11):1599. Published 2018 Nov 1. doi:10.3390/nu10111599